Adelma Irineu
José, de 42 anos, 05 deles procurando emprego, estava reduzido à humilhação por descrença de si mesmo perante seus próprios familiares, embora não fosse preciso. Sentia-se rejeitado por todos e, até mesmo, por Deus; por isso, estava sempre querendo morder o mundo. Roupa surrada, sapato com meia-sola, tentava se sentir melhor diante do espelho, enquanto penteava os cabelos, a única coisa que o agradava em si mesmo. Ele já não chorava mais, também não tinha mais fé. Acreditava que a vida era para alguns, tudo; e para a grande maioria, quase nada. Terminou de contemplar o cabelo grisalho e disse a si mesmo: — hoje, vou me dar um presente. Não vou sair de casa, pois não quero ser humilhado com mais um não na cara.