A grande luta do ser humano é contra ele próprio. E essa batalha, mesmo quando acaba em vitória, permanece no anonimato; pois é travada durante toda a vida, no silêncio da dor e no cansaço da solidão. Quando viajamos nesse tipo de ritual de investigação do viver, somos obrigados a despir um pouco mais a poesia do existir, para dar lugar a uma ebulição de sentimentos, que resulte na mágica da conscientização.
Como é leve a alma que já compreendeu e se sentiu como Sócrates no exato momento que criou esta frase: "Só sei que nada sei". Esse é um estágio de evolução muito adiantado, pois liberta o homem através de suas próprias verdades. Somente aí, ele é capaz de deixar de ser objeto entre objetos; de fingir uma sabedoria e uma segurança cobradas pela sociedade, mas que na verdade não possui, finge na tentativa de obter a admiração e o respeito dos outros, mesmo que isto lhe custe a própria vida com o suicídio lento da insatisfação pessoal, do uso de drogas para se suportar com o ódio por desconhecer o verdadeiro amor.
Certa vez, li em algum lugar: "consideração é o prêmio que se dá à criatura que há muito aprendeu a respeitar a si mesma". Claro! Quando um espírito prepotente quer impor respeito diante de um ser autêntico, a resposta é a ojeriza. Esse tipo de criatura, que mente tanto a ponto de enganar a si mesma, não se conhece e nem desconfia que nós a conhecemos como ela na verdade é, independentemente de seus contínuos esforços e de seu deslumbramento, afinal, todo mundo mente: “a única variável é sobre o quê.”
Dentro de todas as linhas e formas de evolução terrestre, como por exemplo: movimentos, academias e religiões, existem os seres inquietos, os fanáticos e os prepotentes. Felizmente, entre eles, todavia, surgem homens verdadeiros -- os que realmente são sábios. A personalidade falsificada nunca admite seus próprios erros e justifica uma pseudosuperioridade apontando os limites dos outros.
A vaidade humana, somada às pressões e impressões de um sistema que se aparelha no poder, tende a fabricar esse tipo de marionete social, intelectual e até religiosa. Só que essa fogueira de opiniões equivocadas da vida, recebe sempre uma ducha de água fria diante de revelações do homem que já aprendeu...
Graças a Deus, a coisa vem melhorando. As novas gerações são feitas de autocríticos e quando algum ultrapassado se arvora de vaidades, orgulhos e arrogâncias descabidas, passa a ser considerado por este novo homem, como desencontrado, inseguro e principalmente infeliz. É que nenhuma pessoa realmente feliz, equilibrada, realizada, sente necessidade de diminuir o outro. Ser maior é bastar-se e não chamar atenção com letras garrafais, dizendo: "eu sou o máximo". Que ridículo!
O pior é que alguns desses equivocados e ultrapassados, em certas áreas, conseguem até serem interessantes, cultos e destacados, por isso mesmo fazem escola. Conheço pessoas que se sentem em estado de muito prestígio, quando são aceitas em círculos sociais com esse tipo de sintonia. É que é muito difícil o homem realizar uma autocrítica, é bem mais cômodo permanecer como está. A verdadeira superioridade implica em mudanças, e como mudar implica em desacomodação, em renúncia, na dor de se ver, é preferível continuar fingindo que é “o tal” ou “o cara” etc.
Mas, felizmente, a vida é um eterno aprendizado e todo tempo é tempo de acordar. "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Quem foi mesmo que disse isso? Claro que sei, só queria lembrá-lo que o homem é artesão de si mesmo como uma das verdades de Jesus Cristo. Mas se você considera isso piegas, eu pergunto: aquele intelectual de contínuos discursos ultrapassados deixa de ser culto, de fazer escola e de ser uma pessoa boa, útil e querida? Não! Mas que é um saco é. Assim são outros discursos da vida. O importante é acompanhar a urgente evolução da existência humana, com humildade e sabedoria, pois todo deslumbrado é um alienado de si mesmo e da vida como um todo.
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