sábado, 10 de setembro de 2011

Eu poética

     
              Eu queria beber na fonte dos poetas, como se fosse fácil encontrar esse manancial de luz. Mas, lembrei que eles criam com o suor da alma. Queria escrever como um deles, apenas olhando em silêncio para uma folha de papel em branco e uma caneta. Entretanto, os poetas escrevem com a tinta das lagrimas, lagrimas que tem cores e nuances de emoções diversas. Eu queria descobrir por que os poetas escrevem mergulhando em vários eus, captam diferentes dores e amores e como eles fazem para descortinar a vida de outro ser e bem como do inconsciente coletivo. Como se fosse mágica, um pingo de luz me alcançou, ou terei sido eu que alcancei o pingo de luz? É que imediatamente me senti agraciada. Fiquei ali, esperando a manifestação rítmica dos dons, enquanto contemplava o mundo do meu Deus no mundo do meu eu. Senti uma inquietude angustiada bem conhecida, a naturalidade do sentir profundamente.
                Um instante de oscilação me tirou dessa sintonia, e perguntei-me: Quem tu pensas que és?  Uma Cora Coralina, que na terceira idade resolveu ser poetiza e encantou o mundo? Respondi-me: Claro que não, sou apenas uma apaixonada pela dança das letras na mente dos poetas. Sou feliz por não está inserida no estilo versaria e graças a Deus acredito ter lirismo no que escrevo, eu sei que o Pai dá dons diversos a diferentes pessoas, e seria exigir demais do Criador, escolher o dom que se quer ter.
                Agradeci a Deus pelos dons que Ele me deu com os quais vivi e vivo muito bem. Orei por todos os poetas do mundo e em especial pelos meus amigos: Neumanne Pinto, Edmundo Gaudêncio, Valércio Irineu, Arimatéia Souza, Braulio Tavares, Fidélia Cassandra, Shirley Cristina, Zé Laurentino... Pedi a Deus, que os abençoassem no momento exato da criação, e que nada e nem ninguém os interrompessem nesses instantes sublimes. Abri a Bíblia e lá estava uma mensagem para mim: “A minha Graça te basta...”. É verdade, a graça de Deus me basta, afinal, quem escreve tem que ter sensibilidade para ler a humanidade e escrever como quem conversa, sentindo-se personagem de histórias que nunca viveu, mas que as tornam suas; e, principalmente, contracenando com todas as emoções da peça vida. Senti piedade dos que não tem poesia na alma, e uma profunda misericórdia dos que não tem comunhão com Deus.
                Finalizando, quero ser como eu sou, informal, natural, real, tola e sábia. Sem mais, nem menos, o ponto em cima do i, como exigem meus leitores. E tem mais, como diz Clarice Lispector: “Não me corrija. A pontuação é a respiração da frase, e minha frase respira assim. E se você me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.”. Quero continuar sendo minha própria forma de poesia e oração, livre, muito livre com a criação, sem deixar de reconhecer e valorizar o que é belo.

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