domingo, 6 de novembro de 2011

O homem se perdeu




A expressão mulher perdida caiu em desuso. Faça o que fizer, ela sempre se encontrará. En­quanto isso, os homens que, há pouco mais de três décadas, tinham certeza de que possuíam o monopólio do poder sobre a mulher, em todos os aspectos; hoje, vítimas e cúmplices, eles tropeçam na busca de si mesmos.

As mulheres se organizaram, descobriram seus direitos políticos e profissionais: o direito de serem felizes, sem perder a identidade. Elas alardeiam seus conflitos, escrevem, reúnem-se em grupos de reflexão, elaboram congressos e seminários etc. Discutem intensivamente a relação homem e mulher e, a depen­der do grau de consciência, podem se dar ao luxo de ignorar a prepotência machista, apiedando-se do que ainda resta dela.

E eles? De início, a falsa indiferença, logo surge a impaciência, o deboche, a evasão e os insultos, numa total falta de ética. Não demora muito para eles encherem-se de conflitos que resultam numa sensação de vazio e de intensa insatis­fação pessoal. Agora o homem se sente deslocado por não ser mais o centro do mundo e passa a duvidar da sua própria identidade. Esse é o dilema masculino de hoje.

Nos Estados Unidos, já faz um bom tempo que os universitários vêm discutindo o papel do homem na soci­edade. Enfim, o mundo vem percebendo a necessidade do homem se encontrar e é oferecida a possibilidade aos estu­dantes que quiserem se graduar em "Estudos do Homem e da Masculinidade".

A ideia de focalizar o estudo do papel masculino, na sociedade contemporânea, começou a ganhar força nas faculdades de Hobert e William Smith, há vários anos. Claro que o estudo analisa a agressividade do homem, seus acessos de violência no seio da família e a rejeição dessa vio­lência; o que faz o homem se sentir solitário, visto que ele não tem com quem falar do problema (por que foi educado sabendo que homem não chora), o que constitui a questão chave de sua crescente angústia. Enfim, como fazer para se encontrar...

O homem, primeira vítima do machismo, também tem coração, sofre e é capaz de se sentir criança carente e indefesa; sentimentos que, mui­tas vezes, ele esconde na agressividade. Até des­cobrir que ser homem, hoje, é ter a capacidade de se repensar. E então entender que, na luta por es­paços, a mulher já não é mais inimiga do homem, compreende que ele não é um ser insensível e mau, mas um indivíduo vitimado por uma educa­ção distorcida e sistemática, que já não corresponde mais aos desafios e necessidades do mundo atual.

Na verdade, embora o feminismo tenha caído de moda, assim como o machismo, é exatamente o trabalho plantado pelas feministas que vêm evitando a reprodução do modelo machista na educação dos filhos, tornando os homens mais leves e livres. Hoje, existem homens que têm vergonha de serem rotulados de machistas. E as mulheres já compreendem que a verdadeira sociedade deve ser feita com a parceria de homens e mulheres na construção de um mundo igual.

            Aquele homem, entretanto, que não se encontra consigo mesmo nesta sociedade, é porque perdeu o carro da história; portanto, deveria comprar uma camisa cor de rosa bem clarinha, que é moda, e ouvir, com respeito, a mulher amada tirando todo ódio do coração. Caso contrário, vai continuar sendo um homem perdido no seu tempo.
            É bíblico, tudo tem um tempo: "Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Eclesiastes 3, 6-8). "Palavras agradáveis são como favos de mel, doces para a alma e medicina para o corpo" (Provérbios 16, 24).

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