sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Jesus e a camiseta



Desde que Cristo veio ao mundo, seus seguido­res vêm divulgando o Seu nome aos quatro cantos do planeta, seja por motivos realmente evangélicos ou meramente proselitistas. Levados pela passagem bí­blica "ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura", muitos adeptos de diversas correntes do cris­tianismo se empolgam com pregações cheias de raci­ocínios sutis, na tentativa de engrossar suas fileiras. Entretanto, permanecem vazios de conteúdo moral, por esquecer de outra passagem, na qual se diz: "Não usarás o nome de teu Deus em vão".

Por séculos, várias personalidades, sistemas ideológicos e formas de poder vêm se utilizando da mensagem do Cristo em benefício próprio. Contudo, até bem pouco tempo, ainda não se havia estabeleci­do uma associação entre o nome de Jesus e as logomarcas ou slogans das grandes empresas capita­listas ou de seus produtos. Jamais se havia utilizado estes símbolos comerciais para se divulgar a mensa­gem de Jesus, numa banalização lamentável da mes­ma, como a que acontece com as camise­tas-propaganda, onde se leem frases do tipo "Jesus, o número um" ou "Cristo e você, tudo a ver". Quando olhamos estas camisetas, o que vem de imediato à nossa mente é a imagem dessa ou daquela empresa que gasta milhões em mídia para fixar sua marca e seus produtos através de um forte e bem pensado sis­tema de símbolos. A mensagem de Jesus - que, muito mais que simbólica, é totalmente prática e só compre­endida quando vivenciada - acaba, nestes casos, se diluindo no emaranhado de signos, que condicionam nossas mentes para o consumo irrefletido e automáti­co. O que, à primeira vista, poderia funcionar como um ato de subversão ao sistema e sua ideologia, ter­mina por endossar suas práticas de alienação.
O símbolo é planejado para falar por si só e tem por trás dele toda uma gama de significados que fo­gem à nossa percepção consciente. Ele atua de manei­ra sutil, quase hipnótica, como outros símbolos não religiosos, que ainda hoje magnetiza milhares de indi­víduos e tem se constituído num intrigante objeto de pesquisa para os estudiosos. É óbvio que as pes­soas que utilizam as camisetas-propaganda, associan­do o nome de Cristo ao de grandes marcas comerci­ais, não têm consciência de tais processos. Mas isso só reforça o que estamos dizendo, já que uma das ca­racterísticas do símbolo é atingir os níveis subconsci­entes dos indivíduos, levando-os a absorver, de ma­neira acrítica, as mensagens por ele veiculadas.
"Em verdade, em verdade vos digo" que o que parece uma boa forma de reverenciar a figura de Je­sus, acaba constituindo uma mídia humana maciça e gratuita, que faz circular, ainda mais, símbolos já tão impregnados de valores contrários à mensagem do próprio Cristo. É preciso "Dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", pois Jesus não é uma nova etiqueta de moda, prometendo o reino da "felicida­de" instantânea, que constituiu o grande engodo do símbolo. A mensagem do Cristo revela uma opção de vida, exige o exercício prático de uma fé raciocinada, principalmente, na ética e na moral. Não é uma grife adornando a aparência para reforçar a ideologia do ter. É um caminho que se quer, ponte entre os homens, como único e insubstituível modo do Ser. Afinal, não é Cristo quem tem que vestir a camisa das empresas capitalistas, e sim as empresas que têm de vestir a cami­sa de Cristo.

3 comentários:

  1. A Paz dr Cristo continue te enchendo todos os dias.
    Concordo plenamente com o artigo acima, escrito de maneira simples mais de uma realidade tremenda.
    Deus continue lhe inspirando para escrever textos como este, mostrando a grandeza do Deus a quem servimos.
    Um abraço fraternal

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  2. Que Deus te abençoe!!
    Um artigo realista e muito coerente.Parabens pelas palavras escritas de maneira clara e objetiva.
    Um grande abraço sincero.
    Márcio Marques.

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  3. Este artigo é digno de se tornar tema de preleções em muitos congressos não somente no Brasil mais em vários países de tradição cristã.
    O bom senso e o verdadeiro zelo pelo nome e pessoa de Cristo leva-nos a não somente concordar com esta reflexão, mas também nos convoca a uma tomada séria de posição em relação a tema proposto.
    Meus parabéns tia Adelma! Que Deus continue te iluminando.

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