A
parte "cristã" da humanidade se prepara para comemorar o mais
importante aniversário do mundo, o nascimento de Jesus. O
aniversariante, humildemente, insiste num único presente: que nos
deixemos tocar pelo seu amor.
Enquanto
isso, nos envolvemos de luxo, estimulados pelo capitalismo e pela
mídia, e ignoramos milhares e milhares de Marias e Josés, que carregam,
envoltos em trapos, pequenos cristos condenados - pelos Pilatos do
sistema - à miséria absoluta.
Dentro do clima de Natal que se aproxima, gostaria de falar de amor, de esperança, de equilíbrio, na tentativa de
acender uma luz em cada coração. Mas, não sejamos hipócritas, não
façamos da mesma série interminável de frases de efeitos e cartões
redundantes, substitutos para a fraternidade negada a tantas pessoas,
relegada à indiferença de nosso silêncio ao longo dos outros 364 dias do
ano.
O
homem pode até angariar com presentes, a simpatia de outros homens;
mas, jamais barganhar com o Criador, a paz de uma consciência justa.
Portanto, não é que seja absurdo comemorarmos o Natal com o luxo dos
adornos e das iguarias, não; mas desde que não sejamos completamente
alheios aos que padecem as mais diversas formas de fome.
Neste
Natal, urge que reflitamos sobre a brevidade da vida e sobre o sentido
mais profundo e real desta festa, concebida pela "civilização"
ocidental, para comemorar a vinda do Salvador do mundo. Pela luminosa
simplicidade de sua origem divina, o Natal não deveria traduzir-se no
excesso de poucos privilegiados diante da carência e da revolta de
milhões de excluídos; deveria manifestar-se no despertar de uma
consciência crística que a mais de dois mil anos depois, ainda não
conseguimos alcançá-la em sua plenitude.
Façamos o seguinte: vamos imaginar a paz, cantada por John Lennon na música Imagine: “Imagine
que não há paraíso / É fácil se você tentar / Nenhum inferno abaixo de
nós / Acima de nós apenas o céu / Imagine todas as pessoas / Vivendo
para o hoje...” ou imaginemos a paz como foi dita por Bob Marley: “Eu
só quero viver em paz e usufruir do que Deus nos deixou no mundo, não
preciso de riquezas materiais para ser feliz. Apenas quero sentir o que
Deus nos fala em nossos ouvidos em um simples soprar do vento.” Ou quem sabe simplesmente sermos nós mesmos humanos, solidários, pacificadores, fervorosos na fé e seguros na Sua verdade.
Desculpe-me
se não fui tão delicada ao abordar o tema referente a estas
festividades geralmente tão lindas, é que apenas deixei ecoar em minha
consciência, a certeza da “essência musical dos meus versos inúteis”, e
cantarolei Vladimir Maiakovski:
“Ressuscita-me, ainda que não mais seja, porque sou poeta e ansiava o
futuro. Ressuscita-me, lutando contra as misérias do cotidiano.
Ressuscita-me para que ninguém mais tenha que sacrificar-se por uma
casa, um buraco. Para que a partir de hoje, a família se transforme. E o
pai, seja pelo menos o Universo; e a mãe, seja no mínimo a Terra”.
Disse Jesus: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; níguem vem ao Pai, senão por mim." (João 14, 6)
Disse Jesus: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; níguem vem ao Pai, senão por mim." (João 14, 6)
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