sexta-feira, 20 de abril de 2012

Uma história na música clássica

Maestro José Si­queira


A sintonia de enlevo do homem com a música clás­sica, evidentemente, revela seu grau de polimento espi­ritual. Há clássicos que são verdadeiros mantras na comunhão do homem con­sigo mesmo e com Deus; um equilíbrio de forças energéticas com o "Todo do Universo". Contudo, essa sensibili­dade perceptiva independe de status sociais ou de formação curricular. Ela é antes de mais nada, uma espécie de oração que transcende o espírito a di­mensões do êxtase, como que em busca da perfeição através da arte ou da músi­ca.

Pouca gente sabe da rica existência de um paraibano humilde, da cidade de Conceição, nascido em 1907. O Maestro José Si­queira, que aos 20 anos de idade, e em nome da músi­ca, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Poucos anos depois, já era professor da Escola de Música da Uni­versidade do Distrito Fede­ral. As maiores composi­ções, deste maestro parai­bano, estão gravadas em uma edição especial de 10 discos.


José Siqueira regeu as principais orquestras dos Estados Unidos, França, Portugal, Holanda, Polónia e União Soviética. Uma de suas peças foi executada pela Orquestra e Coro de Câmara de Mos­cou. Aqui no Brasil, foi ele quem liderou o movimento de onde surgiu a Orquestra Sinfônica Brasileira, em 1940. É fundador da Or­questra Sinfônica do Rio de Janeiro, para a qual conseguiu trazer da Europa 32 músicos de valor.


Esse homem, que deve ser um orgulho para toda a Paraíba e para o Brasil, certamente, nasceu com a indivisível força da vida e preservou-a através da música. A se deduzir pelo que seria a cidade pa­raibana de Conceição, na década de 20, podemos afirmar, com segurança, que José Siqueira nasceu com um dom, aproveitado com determinação a ponto de fazer-se respeitado em todo o mundo.


A música clássica é, an­tes de mais nada, uma expressão da arte que não morre, se eterniza por ser a essência do nobre, do elevado; por lembrar a perfeição em harmonia sonora. Até Marx, com sua alma cética, gostava de clássico e dizia: "O homem também sonha com um trabalho mágico e com isso transforma a Na­tureza...". Quanta prepotência!


As pessoas que temem mergulhar na música clás­sica, alegando inclusive que nela não veem emoção ou beleza, mas sim, triste­za, não imaginam que na verdade o que as distancia desse tipo de música é justamente o medo de conhecer-se. É que os clássi­cos são compostos por mentes ge­niais em elevado grau de sentimentos pro­fundos, quase sempre refletidos em dores e não há nada que faça crescer mais um espírito do que a dor. A dor, transmutada na arte musical, arrasta a alma humana para reflexões pro­fundas de si mesma e da Sabedoria Infinita. Assim sendo, pessoas que levam a vida inteira fugindo da vi­da com situações mera­mente materiais e de ins­tinto animal, o fazem para fugir da sua própria reali­dade, o que as impedem de conhecer-se. O que é la­mentável, porque o homem só compreenderá os misté­rios da vida, quando antes conhecer a si mesmo.


É impressionante as formas e os dons com que Deus usa as pessoas para passar a sua mensagem, por que há coisas que parecem mais milagre do que realidade. Só porque trata-se da mais absoluta vontade de Deus que nos criou. A pura arte, a arte delicada, é uma forma de comunhão de Deus com o homem.


Hoje, dia 22 de abril de 1985, é o aniversário do falecimento do Maestro José Siqueira, que se foi aos 78 anos, na cidade do Rio de Janeiro, deixando uma vastíssima obra composta de óperas, cantatas, concertos, oratórios, sinfonias e até a música de câmara, para instrumentos solos e para voz. Vale ressaltar, que a cadeira nº 8, da Academia Brasileira de Música, fundada (1945) por Heitor Villa-Lobos, nos moldes da Academia Francesa, foi alocada para ele como co-fundador, depois que o efetivo da Academia se reduziu de 50 para 40 cadeiras. Mais informações sobre José Siqueira acessem o link na internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Lima_Siqueira


            Finalizando, me pergunto: quantas homenagens à altura a Paraíba fez para este grande homem? E aproveito para ressaltar que os salmos são hinos de louvor a Deus, criados pelo rei Davi. Como tudo passa, mas a palavra de Deus não passa, há sempre um salmo no coração da gente.

Um comentário:

  1. Adelma, você como sempre trazendo informações importantes sobre nossos conterrâneos.Parabéns pela iniciativa.

    ResponderExcluir