Maestro José Siqueira |
A sintonia de enlevo do
homem com a música clássica, evidentemente, revela seu grau de polimento espiritual.
Há clássicos que são verdadeiros mantras na comunhão do homem consigo mesmo e
com Deus; um equilíbrio de forças energéticas com o "Todo do
Universo". Contudo, essa sensibilidade perceptiva independe de status sociais ou de formação
curricular. Ela é antes de mais nada, uma espécie de oração que transcende o
espírito a dimensões do êxtase, como que em busca da perfeição através da arte
ou da música.
Pouca gente sabe da rica
existência de um paraibano humilde, da cidade de Conceição, nascido em 1907. O
Maestro José Siqueira, que aos 20 anos de idade, e em nome da música,
transferiu-se para o Rio de Janeiro. Poucos anos depois, já era professor da
Escola de Música da Universidade do Distrito Federal. As maiores composições,
deste maestro paraibano, estão gravadas em uma edição especial de 10 discos.
José Siqueira regeu as
principais orquestras dos Estados Unidos, França, Portugal, Holanda, Polónia e
União Soviética. Uma de suas peças foi executada pela Orquestra e Coro de
Câmara de Moscou. Aqui no Brasil, foi ele quem liderou o movimento de onde
surgiu a Orquestra Sinfônica Brasileira, em 1940. É fundador da Orquestra
Sinfônica do Rio de Janeiro, para a qual conseguiu trazer da Europa 32 músicos
de valor.
Esse homem, que deve ser um
orgulho para toda a Paraíba e para o Brasil, certamente, nasceu com a
indivisível força da vida e preservou-a através da música. A se deduzir pelo
que seria a cidade paraibana de Conceição, na década de 20, podemos afirmar,
com segurança, que José Siqueira nasceu com um dom, aproveitado com determinação
a ponto de fazer-se respeitado em todo o mundo.
A música clássica é, antes
de mais nada, uma expressão da arte que não morre, se eterniza por ser a
essência do nobre, do elevado; por lembrar a perfeição em harmonia sonora. Até
Marx, com sua alma cética, gostava de clássico e dizia: "O homem também
sonha com um trabalho mágico e com isso transforma a Natureza...". Quanta
prepotência!
As pessoas que temem
mergulhar na música clássica, alegando inclusive que nela não veem emoção ou
beleza, mas sim, tristeza, não imaginam que na verdade o que as distancia
desse tipo de música é justamente o medo de conhecer-se. É que os clássicos
são compostos por mentes geniais em elevado grau de sentimentos profundos,
quase sempre refletidos em dores e não há nada que faça crescer mais um
espírito do que a dor. A dor, transmutada na arte musical, arrasta a alma
humana para reflexões profundas de si mesma e da Sabedoria Infinita. Assim
sendo, pessoas que levam a vida inteira fugindo da vida com situações meramente
materiais e de instinto animal, o fazem para fugir da sua própria realidade,
o que as impedem de conhecer-se. O que é lamentável, porque o homem só
compreenderá os mistérios da vida, quando antes conhecer a si mesmo.
É impressionante as formas
e os dons com que Deus usa as pessoas para passar a sua mensagem, por que há
coisas que parecem mais milagre do que realidade. Só porque trata-se da mais
absoluta vontade de Deus que nos criou. A pura arte, a arte delicada, é uma
forma de comunhão de Deus com o homem.
Hoje, dia 22 de
abril de 1985, é o aniversário do falecimento do Maestro José Siqueira, que se
foi aos 78 anos, na cidade do Rio de Janeiro, deixando uma
vastíssima obra composta de óperas, cantatas, concertos, oratórios, sinfonias e
até a música de câmara, para instrumentos solos e para voz. Vale ressaltar, que
a cadeira nº 8, da Academia
Brasileira de Música, fundada (1945) por Heitor
Villa-Lobos, nos moldes da Academia Francesa, foi
alocada para ele como co-fundador, depois que o efetivo da Academia se reduziu
de 50 para 40 cadeiras. Mais informações sobre José Siqueira acessem o link na
internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Lima_Siqueira
Adelma, você como sempre trazendo informações importantes sobre nossos conterrâneos.Parabéns pela iniciativa.
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