domingo, 2 de outubro de 2011

A IDADE DE DEUS


            Sem querer associar Deus unicamente à imagem de um velhinho barbudo, misericordioso e ao mesmo tempo sentado num trono ditando normas para a humanidade, pergunto-me: quem já idealizou o Todo Poderoso, bem jovem? Acho que ninguém. Talvez, porque Deus é sinônimo de sabedoria, coerência, respeito, paternidade, superação, humanismo, compreensão e amor, e todas essas qualidades são em geral, inerentes a pessoas maduras.
           
           Assim sendo, questiono hoje, por que nossos velhos são relegados ao esquecimento, ao descaso social e à discriminação no seio da própria família? Acredito que, porque o ser humano na hora de ser servido ou de pedir, é sempre muito bonzinho; mas na hora de servir e de se dar, é bem mauzinho, até com o próprio pai e com a própria mãe.
            Por outro lado, vivemos sob um sistema que só enxerga o homem produtivo, o homem máquina de forma que a criatura aposentada é vista como algo que já deu o que tinha de dar, e agora não passa de peso morto, incômodo social e familiar. É cruel, mas é a verdade dessa sociedade indigna de receber a misericórdia do grande “Velhinho” Criador.
            Particularmente, creio que Deus é o todo do universo em forma de amor e não tem idade, que definir a Sua divindade estar além da capacidade humana. O que fica bem claro para nós, são Suas leis infalíveis, imutáveis e perfeitas, que revelam Seu amor pelo homem a ponto de dar-lhe o privilégio do livre arbítrio, para que cada um seja artífice da sua própria vida ao longo da própria existência.  A velhice é somatório de toda uma escola de vida, é o clímax do crescimento humano, o produto final de um projeto de Deus, que apresenta o burilamento espiritual do homem, enquanto deixa marcas do tempo no corpo, para que não haja tanto apego ao que é fugaz, efêmero, passageiro; ao mesmo tempo em que anuncia a eternidade do que Ele considera Sua imagem e semelhança.
            Assim sendo, urge que reflitamos sobre a importância dos idosos, da sua sabedoria, de sua história de vida, do seu trabalho na construção da sociedade e da família e do legado que deixam como herança moral ou material. É importante estimularmos a autoestima do idoso, para que ele sentindo-se amado, valorizado e respeitado, troque uma quantidade enorme de remédios pelo bem-estar de uma vida de qualidade, sem ter que pedir desculpas ao mundo por ainda existir.
            Aposentar-se não é privar-se da vida e da sociedade, muito menos, tornar-se indigno do amor familiar. Lembremos que a sabedoria é cada vez mais imprescindível para as novas gerações que serão os velhos de amanhã. Portanto, não jogue no fundo do quintal e nos cantos tristes da casa, seus idosos. As crianças poderão tomar isso como exemplo e fazer o mesmo com você num futuro que nem é tão distante quanto se imagina.
            Quanto às autoridades competentes, eis algumas sugestões para o bem-estar do Idoso: área de lazer, devidamente assessorada e protegida, a fim de estimular atividades físicas e mentais para que, com qualidade de vida, nossos velhinhos não sejam confundidos com dementes e peças enferrujadas da engrenagem social.
            Um projeto de saúde que vise à qualidade e não apenas à quantidade de vida; uma saúde que resgate a dignidade do idoso e lhe estimule o direito de ser feliz. Atendimento psicológico e jurídico gratuito, específico para pessoas idosas. Por fim, um projeto de apoio à religiosidade dos nossos velhinhos, no qual, Deus é buscado com alegria e gratidão e não como confessor de mágoas e dores pelos descasos da vida. Felizmente, a Secretaria de Ação Social de Campina Grande e o IPSEM têm bons projetos em ação, mas ainda há muito que ser feito.
            Finalizando deixo aqui uma reflexão bíblica: “Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá.  (Êxodo 20.12)

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